“Não permito, senhores, que ninguém goste mais do que eu de Santarém!” escreveu o poeta Emir Bemerguy na letra da música Sonho Predileto, musicada pelo Maestro Wilson Fonseca, sobre a cidade à beira do Rio Tapajós. E esse amor e encantamento não são à toa, em várias composições os dois artistas destacam detalhes preciosos da história e cultura de Santarém (PA). Conhecida popularmente como a “Pérola do Tapajós” essa terra recebe os visitantes com simpatia. É impossível não se encantar!

Você sabia que Santarém é uma cidade cinematográfica? Veja aqui!

E já que o Wilson Fonseca descreveu tão bem a cidade em suas músicas, nada mais justo do que emprestar seu nome ao aeroporto do município. E será neste terminal que você irá desembarcar para conhecer uma das regiões mais interessantes do Brasil, cercada pela Floresta Amazônica e com atrativos turísticos naturais imperdíveis.

Morando em Santarém há quase 10 anos (entre idas e vindas) aprendi a admirar esta cidade nos detalhes. Esses dias mesmo, parei para ver o pôr do sol na orla e fiquei ali contemplando, imaginando o quanto precisamos valorizar a paisagem que nos cerca. Sou fã de carteirinha do patrimônio histórico que possuímos e gostaria que todas as construções seculares fossem efetivamente restauradas para manter viva a memória santarena. Este blog, por exemplo, surgiu para falar de turismo e viagens, mas acima de tudo, para servir de instrumento de divulgação desse destino que tanto precisamos mostrar, pois é um eixo fundamental para todo o desenvolvimento do oeste do Pará.

Poderia elencar aqui mais de 100 motivos para você vir conhecer Santarém, mas vou tentar resumir em cinco. E o que não estiver aqui, com certeza, estará em outro post!

1 – Orla e Encontro das Águas

As cidades amazônicas tem essa peculiaridade de ter o rio como porta de entrada. E pelas águas do Rio Tapajós navegam embarcações de todos os tamanhos, um contraste típico da região, bonito de observar sentando em um dos bancos da orla, no final de tarde. Esse calçadão recebe diariamente uma multidão que vem caminhar, correr ou simplesmente apreciar a paisagem. Diferente de outras orlas famosas, a de Santarém tem o piso hidráulico formando desenhos regionais, como o muiraquitã.

Entardecer na orla de Santarém (Foto: Felipe Borges)

Em alguns trechos as mangueiras garantem sombra e uma sensação térmica mais agradável, já que a temperatura no dia a dia fica nos 35 graus. Caminhando pela orla, você encontrará contrastes: saindo do Bosque da Vera Paz, a primeira a parada é observar os pescadores que após um dia de trabalho, utilizam o calçadão para comercializar o pescado. É uma experiência única poder ver e tocar os peixes e pechinchar para garantir esse saboroso produto natural. Mais à frente está a Praça Tiradentes, que foi reformada recentemente e abriga um grande palco onde acontecem apresentações culturais.

Seguindo o percurso chegamos na orla nova, projeto de ampliação do cais de arrimo que deve ser concluído nos próximos anos. Este trecho possui quiosques com comida regional e alguns atrativos turísticos, como a escultura de um Tambaqui (peixe) gigante e um boto, pintado em duas cores, numa referência as agremiações Boto Tucuxi e Cor de Rosa, da festa do Çairé, em Alter do Chão.

Algo que chama atenção na orla é o encontro das águas: O Rio Tapajós (Rio de Água Clara, tecnicamente) tem águas escuras, dependendo do dia, tem coloração azul ou esverdeada. Isto acontece por causa da grande quantidade de ácidos orgânicos resultantes da decomposição da vegetação em suas margens. Já o Rio Amazonas (Rio de Água Branca, tecnicamente), tem cor barrenta, por causa do grande número de sedimentos que carrega de sua nascente na Cordilheira dos Andes, no Peru. Portanto, essa diferença de composição, taxa de acidez, a temperatura de fluxo dos rios, velocidade e a densidade evita que os dois rios tenham suas águas misturadas, formando um contraste nítido e bonito de se ver.

Fenômeno do encontro das águas (Foto: Agência Pará)

2 – Patrimônio Histórico e Arquitetônico

Fundada por portugueses, Santarém guarda ainda uma herança deixada para as futuras gerações. As construções que resistiram ainda podem ser admiradas, como a imponente Catedral de Nossa Senhora da Conceição, o prédio mais antigo da região, construído em 1754. Pintada atualmente na cor azul, a igreja tem estilo colonial português e seu interior abriga a imagem da padroeira, datada de 1759. O altar recebeu o Crucifixo Von Martius, um presente do cientista alemão Carl Friedrich Philipp von Martius que quase morreu afogado na frente da cidade em 18 de setembro de 1819 e considerou um milagre ter sobrevivido. Como forma de agradecer, mandou confeccionar uma imagem de Jesus Cristo em tamanho natural feita em ferro fundido.

Catedral de Nossa Senhora da Conceição (Foto: Sidney Oliveira/Agência Pará)

No centro histórico são dezenas de prédios com igual valor histórico e que retratam uma riqueza arquitetônica no coração da Amazônia. Destaque para o Solar do Barão de Santarém, Sobrado do Sol e o Solar dos Brancos. Entre espaços culturais, você deve visitar obrigatoriamente:

Solar do Barão de Santarém (Foto: Sidney Oliveira/ Agência Pará)

3 – Gastronomia 

Santarém tem tradição em gastronomia. São inúmeros restaurantes que oferecem uma experiência de imersão em sabores da Amazônia, afinal a culinária paraense mais do nunca é referência nacional e internacional. O destaque são os pratos com peixes de rio, ervas tradicionais e tempero tipicamente regional. Já experimentou Pato no Tucupi?

O delicioso Pato no Tucupi do Restaurante Piracema

A cidade também abriga o “Melhor Restaurante do Norte do País”, título concedido por dois anos consecutivos ao Restaurante Casa do Saulo, do Chef Saulo Jennings. O reconhecimento é da Revista Prazeres da Mesa!

O lugar em si é um atrativo turístico, localizado na beira do Rio Tapajós, na comunidade de Carapanari.

Medalhão de Pirarucu com bacon e risoto verde da Casa do Saulo

E não faltam opções para quem gosta de experimentar os sabores da Amazônia, aqui algumas que amamos visitar:

4 – Belezas Naturais

Sem dúvida, essa região do país foi abençoada com belíssimas paisagens naturais. Alter do Chão, a vila mais famosa do norte, tornou-se destino turístico disputado e recebe visitantes o ano todo em busca de tranquilidade e essa experiência amazônica de passar dias no “Caribe Brasileiro”.

Praia de Ponta de Pedras (Foto: Bruno Cecim/ Agência Pará)

E são muitas praias! Mais de 300! E cada uma com sua peculiaridade e sempre uma nova descoberta. A única certeza é que as fotos ficarão incríveis! Ponta de Pedras, por exemplo, é espetacular!

Além disso, a Amazônia é um bioma que surpreende. Como ouvi uma vez “uma terra de superlativos”. E essa imensidão é impossível de ser mostrada neste post ou em qualquer outra forma de registro. É coisa para ser sentida, vista pessoalmente mesmo! É preciso  mergulhar no rio e sentir a energia do sol (é quente mesmo!).

Na região, o ecoturismo proporciona aventuras incríveis: são trilhas, passeios de barco ou lancha, arvorismo, rapel ou simplesmente assistir o pôr do sol na beira do Tapajós.

Destaco aqui alguns lugares bonitos da cidade que podem ser incluídos no roteiro:

5 – Povo Acolhedor 

Pense numa povo acolhedor e que gosta de contar histórias. Você irá conhecer muito da região se tirar um tempinho para prosear com os moradores. Isso, com certeza, irá enriquecer muito a sua viagem!

Espero que tenham gostado das dicas! 😉

Sobre o autor

Jornalista, formado pelo Centro Universitário da Cidade do Rio de Janeiro - RJ. Produtor Cultural e Produtor de Conteúdo Digital. Idealizador dos projetos Caminhos da Floresta, Amazônia Fashion Weekend e Piracaia Festival. Autor do blog de turismo e viagens www.diariodofb.com. Diretor dos documentários O que é Sairé? (2021) e Trap: O som da juventude (2021) - produzido, gravado e editado em um smartphone.

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