O empresário Henry Ford era um visionário e sem dúvida, um dos maiores ícones de empreendedorismo da história. Sua ousadia lhe fez encontrar no Rio Tapajós uma alternativa para combater o monopólio da Inglaterra sobre a borracha. Ele nunca desembarcou na Amazônia, mas seus emissários vieram, pesquisaram e convenceram o governo brasileiro a conceder uma grande quantidade de terra (15 mil quilômetros quadrados) para a implantação do projeto Fordlândia. No meio da floresta ele tentou criar um sistema de produção em grande escala da seringueira, árvore de onde se extrai o látex. Mas nem tudo saiu como o planejado!

Entre as décadas de 1950 e 1980, Fordlândia passou a abrigar as instalações do Ministério da Agricultura e as casas foram ocupadas por seus funcionários. Mas depois as atividades do órgão no local foram encerradas e ficaram apenas as lembranças (Foto: Mácio Ferreira/ Agência Pará)

Fundada em 1928, Fordlândia era uma vila modelo, semelhante às pequenas cidades dos Estados Unidos, mas com um calor típico da floresta tropical. Após implantar o modelo de fabricação em série e o Fordismo revolucionar a indústria americana, a borracha era necessária para os pneus dos carros que eram cada vez mais usados como meio de transporte.

A cada passo dado, é como se mergulhássemos nos velhos tempos de Fordlândia (Foto Mácio Ferreira/ Agência Pará)

Nos anos 1920 as colônias inglesas do sudeste asiático já tinham superado o Brasil na produção da matéria-prima. Mas a Amazônia aos olhos do empresário era um investimento mais barato e eficiente. A little town trouxe uma transformação profunda para região e abrigou mais de 3 mil trabalhadores. Mas a produção de borracha, não se consolidou. Pragas atacaram as seringueiras e terreno com declive não facilitava em nada, principalmente por causa da irrigação. Foi necessário então abandonar o projeto e seguir para uma outra área onde se ergueu Belterra.

Um dos maiores problemas também foi o fato de que Ford queria impor aos trabalhadores a cultura norte-americana a qualquer custo. Do modelo de produção até o comportamento e alimentação. E claro que isso não deu certo! Em 1930, uma grande rebelião, batizada de Revolta das Panelas, destruiu boa parte das instalações de Fordlândia. A partir daí o interesse de Ford começou a declinar e em 1945 as atividades da empresa foram encerradas em Fordlândia.

Conhecida a história, partimos para desbravar o que restou da vila. Tudo está praticamente lá, sofrendo as ações do tempo, roubos e vandalismo. É uma lastima ver um patrimônio tão importante historicamente se perdendo aos poucos. Infelizmente o processo de tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) ainda caminha a passos lentos. Mesmo assim, será preciso alguns milhões de reais para recuperar a cidade.

Partindo do Porto de Santarém (PA) são seis horas de viagem de barco, percurso que também pode ser feito em uma lancha. As linhas são regulares e a viagem segue pelo Rio Tapajós, contornado de belas praias, até o pequeno cais de arrimo de Fordlândia, que fica localizada no município de Aveiro (PA). Uma outra alternativa é seguir pela BR-163 e depois pela Estrada de Fordlândia, são 334 km, boa parte no asfalto, seguido por um trecho de estrada de terra. Ao chegar você já enxerga o grande armazém e a igreja, predominantes na paisagem. Algumas das antigas casas, ainda são habitadas, mas parecem estar prestes a desmoronar.

Hidrante norte-americano localizado em uma das ruas de Fordlândia (Foto: Mácio Ferreira/ Agência Pará)

Até parece uma ironia do destino, mas a cidade de onde saiu borracha para os carros da Ford Motor Company, hoje possui poucos veículos, por lá são as motos que conduzem os moradores.

Uma das estruturas mais imponentes da vila americana era o hospital, que foi planejado pelo arquiteto Albert Khan, o mesmo que projetou as fábricas da Ford em Highland e River Rouge, nos Estados Unidos. Eram 100 leitos e um dos centros de saúde, na época, mais modernos do país. Está em ruínas!

As ruínas do antigo hospital (Foto: Mácio Ferreira/ Agência Pará)

É um declínio lento. Uma cidade inteira que parece ir desaparecendo silenciosamente. A Amazônia a engole e onde um dia foram casas e ambientes de trabalho, tudo está tomado por mato e árvores que crescem a cada dia. O idealizador do projeto, Henry Ford, morreu em 1947, dois anos depois de devolver as terras ao governo brasileiro.

O pôr do sol também é uma das atrações naturais de Fordlândia (Foto: Mácio Ferreira/ Agência Pará)

É um destino histórico para quem ainda quiser ver o que restou do legado de Ford. E aí, partiu?!

Com informações da Agência Pará

Para assistir:

Como chegar?

Navegação Erlon Rocha (Barco e lancha)

Telefone: (93) 99141-5600

Onde ficar hospedado?

Pousada Americana

Av. Boa Vista, nº 31 Centro

Telefone: (93) 3505-3073

E-mail: rgslisboa31@hotmail.com

http://pousadafordlandia.blogspot.com.br/

 

Pousada da Glaide

Av. Boa Vista, S/nº

Telefone: (93) 99226-4229

http://pousadaglaide.blogspot.com.br/

Sobre o autor

Jornalista, formado pelo Centro Universitário da Cidade do Rio de Janeiro - RJ. Produtor Cultural e Produtor de Conteúdo Digital. Idealizador dos projetos Caminhos da Floresta, Amazônia Fashion Weekend e Piracaia Festival. Autor do blog de turismo e viagens www.diariodofb.com. Diretor dos documentários O que é Sairé? (2021) e Trap: O som da juventude (2021) - produzido, gravado e editado em um smartphone.

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