Se você está a fim de entretenimento cultural, a dica é conhecer os projetos produzidos com recursos da Lei Aldir Blanc, em Santarém (PA).  A lei federal garantiu recursos para o setor cultural, um dos mais atingidos pela pandemia de Covid-19 e ofertou fomento em toda cadeia produtiva da cultura. Como resultado centenas de fazedores e fazedoras tiveram a oportunidade de criar produtos que em sua maioria foram audiovisuais.

Neste post selecionamos cinco projetos contemplados por editais da Lei Aldir Blanc no Pará, realizados pela Secretaria de Estado de Cultura (Secult) e em Santarém, realizados pela Secretaria Municipal de Cultura (Semc), com a participação determinante da sociedade civil no Comitê Gestor da LAB.

1 – Rio das Amarguras – Grupo Kauré

“O Rio das Amarguras” é o nome dado a este destino pandêmico comum, partilhado pelos povos do mundo em diferentes medidas, a começar pela maior vulnerabilidade da população mais pobre, em particular a amazônica, que percorre sua Dolorosa Travessia, paradoxalmente, no meio de tanta riqueza mal distribuída.

O espetáculo teatral, aqui transformado em filme pelo diretor Emano Loureiro, é fruto de reflexão. Nele, a cultura amazônica, principalmente em sua dimensão ribeirinho-florestal-periférica, é mote de uma pesquisa cênica que está apenas começando, mas que já nos presenteia com a potência de seus cantares, dançares, visualidade e questões humanas de amplo alcance, que vão ao encontro das mesmas questões humanas que não nos cansamos de ver e rever no grande teatro do mundo.  Com direção de elenco de Alenilson Ribeiro, a narrativa projeta o sagrado, o profano e o social, ressignificando uma narrativa clássica pela poesia, cirandas, danças, costumes e personagens populares da região norte do Brasil.

2 – Facão que abre os caminhos – RAWI

O filme conta a jornada de uma figura “imagética” de um menino confuso e destruído com o peso que é a vida e que busca sair através de suas próprias raízes. Mesmo que em algumas passagens sejam pura ficção, as “sub narrativas, as histórias por trás” são frutos da própria história de Rawi. Selecionado um dos trechos, o clipe “Geminiano”, o conteúdo completo está no Canal do Youtube do cantor.

3 – Mãe Vira Porca – Grupo de Teatro e Pesquisa Papa Xibé

O primeiro curta-metragem do Grupo de Teatro e Pesquisa Papa Xibé é inspirado em uma das esquetes do espetáculo teatral “As Mocorongas”, escrito por Diego Alano. O curta é o episódio piloto, intitulado “Mãe Vira Porca”, dentro da proposta de construção de uma websérie homônima.

Com “ingredientes” como o regionalismo e humor presentes, o Grupo Papa Xibé tem o objetivo de divulgar a cultura popular local através da linguagem teatral e, agora, audiovisual. O roteiro, direção, produção e elenco são de fazedores de cultura do município, e o ponto alto da produção é a particularidade de a história ser contada através dos nossos olhos.

4 – Contos, Cantos e Encantos Tapajônicos – Grupo Olho D’água

A encenação, gravada na Casa da Cultura, envolve mistério e conta histórias do imaginário amazônico, a trama leva o público a uma teia, uma barafunda de tramóias percorrendo as aventuras tapajônicas. A atriz Elizangila Dezincourt realiza o monólogo de forma brilhante em uma narração radical da oralidade, onde apresenta os personagens com recursos gestuais, mímicos e de linguagem, a contadora estabelece um pacto de cumplicidade com a plateia. O ator Enzo realiza algumas intervenções cênicas durante o espetáculo sempre com a perspectiva musical.

Os mistérios contados foram coletados nos municípios de Alenquer, Santarém, Juruti, Oriximiná e Óbidos, após um trabalho de pesquisa realizado em 2010 pela atriz. A peça recebeu em 2009 o prêmio Myriam Muniz de Teatro da Fundação Nacional de Artes e uma bolsa de pesquisa e experimentação artística do Instituto de Artes do Pará.

5 – Cativeiros – Cia. de Teatro José Dillon

O projeto é curta-metragem de ficção que retrata as várias faces de um sequestro. Com muita adrenalina e um final surpreendente, o filme nos leva a uma reflexão: Qual é o seu Cativeiro? Cenas fortes e emocionantes.

E aí, gostaram das dicas?

 

 

Sobre o autor

Jornalista, formado pelo Centro Universitário da Cidade do Rio de Janeiro - RJ. Produtor Cultural e Produtor de Conteúdo Digital. Idealizador dos projetos Caminhos da Floresta, Amazônia Fashion Weekend e Piracaia Festival. Autor do blog de turismo e viagens www.diariodofb.com. Diretor dos documentários O que é Sairé? (2021) e Trap: O som da juventude (2021) - produzido, gravado e editado em um smartphone.

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