Na Praça Monsenhor José Gregório, popularmente conhecida como Praça da Matriz, pouco resta dos tempos gloriosos da antiga Santarém. A Catedral Metropolitana, o Canto Redondo e a Garapeira Ypiranga testemunharam o desenvolvimento urbano e a história do município. A garapeira, em particular, é um símbolo de várias gerações de santarenos que desfrutaram dos famosos pastéis de carne com caldo de cana. Inicialmente construída em madeira e inaugurada em 7 de setembro de 1922, durante as celebrações do centenário da Independência do Brasil, recebeu o nome em homenagem ao riacho mencionado no hino nacional, onde D. Pedro I proclamou nossa “liberdade”.

Garapeira Ypiranga em fevereiro de 1956, registro feito pelos repórteres do jornal Última Hora que cobriam a revolta de Jacareacanga, em Santarém.

A garapeira teve como primeiro proprietário Raimundo Nonato Lages. Não demorou muito e o quiosque foi repassado ao senhor Raymundo Emílio da Rocha e Souza através da Lei Municipal nº 716, de 23 de dezembro de 1922, concedido ao empresário pelo Intendente Manoel Valdomiro Rodrigues dos Santos. Tempos mais tarde, a garapeira foi transferida para a senhora Augusta Rocha Guimarães que, ao lado do filho Cipriano Rocha, o popular “Pequenino”, administrava o negócio. Em 1946, diante dos preparativos para a festa do Centenário da elevação de Santarém à categoria de cidade, o empreendimento foi revitalizado e construído em alvenaria. É contemporânea a construção do Tapajós Bar, também localizado até os dias de hoje na praça.

Aspecto atual da Garapeira Ypiranga – Abril de 2022 (Foto: Fábio Barbosa)

Por consequência de uma queda que o deixou quase paralítico, o empresário Cipriano Rocha faleceu em 1987 e deixou o ponto em testamento, com inalienabilidade vitalícia, para o casal Herbert Farias e sua esposa Juvenita Tapajós Farias, conhecidos popularmente como “Cacheado” e “Ninita” que, já administravam a garapeira desde 1975.

Ao longo dos anos, a Garapeira Ypiranga já recebeu prefeitos, governadores e um Presidente da República: Fernando Henrique Cardoso. Em 1986, na gestão do Prefeito Ronaldo Campos, durante as obras do Complexo Arquitetônico da “Praça da Matriz”, ganhou o atual aspecto, perdendo as características da construção original.

É o ponto de encontro de políticos, jogadores de futebol, artistas, jornalistas e a população em geral. Um marco histórico, cultural, turístico e social dos últimos 100 anos.

Patrimônio Cultural do Pará

No dia 28 de abril de 2022 o governador Helder Barbalho (MDB) sancionou e foi publicada a lei que declara e reconhece a Garapeira Ypiranga como Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial do Pará. A matéria foi aprovada pela Assembleia Legislativa do Pará (Alepa) e foi protocolada em 2021 pela deputada estadual Marinor Brito (PSOL). Em março deste ano, o projeto de Lei nº 304/2021  foi aprovado em 1º e 2º turnos pela Alepa.

 

Publicado originalmente no Jornal Empresarial – Edição 202 (Fevereiro/Março de 2022) com informações do artigo “A Garapeira Ypiranga”, de Pe. Sidney Canto.

Sobre o autor

Jornalista, formado pelo Centro Universitário da Cidade do Rio de Janeiro - RJ. Produtor Cultural e Produtor de Conteúdo Digital. Idealizador dos projetos Caminhos da Floresta, Amazônia Fashion Weekend e Piracaia Festival. Autor do blog de turismo e viagens www.diariodofb.com. Diretor dos documentários O que é Sairé? (2021) e Trap: O som da juventude (2021) - produzido, gravado e editado em um smartphone.

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