Santarém (PA) é uma das cidades mais antigas do país. E sua história tem ligação direta com o Brasil Colônia, através das missões católicas que desbravaram a Amazônia com o objetivo de catequizar os povos indígenas e explorar as riquezas naturais. Para proteger o território, os portugueses construíram grandes edificações em pontos estratégicos e a Fortaleza de Nossa Senhora do Bom Sucesso do Monte Alegre dos Tapajós foi uma delas. E esta história ainda está presente na Praça Fortaleza do Tapajós, lugar que abrigou este espaço militar e a partir da sexta-feira (23/03) recebe enfim alguns dos itens mais importantes da defesa da região: os canhões.

Um dos canhões da Fortaleza do Tapajós (Foto: Terezinha Amorim)

O Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós (IHGTap) solicitou à Prefeitura de Santarém em 2017 que os objetos fossem removidos: dois do Aeroporto Internacional Maestro Wilson Fonseca e dois da área do Campus Tapajós da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa). O pedido foi atendido e após mais de um século eles chegam ao lugar onde deveria estar há séculos, na pequena serra à frente do encontro das águas dos rios Tapajós e Amazonas.

Canhão é içado para enfim voltar para seu lugar de origem (Foto: Terezinha Amorim)

Originalmente eram seis canhões que seriam instalados na fortaleza. Dois deles estão na Praça do Centenário, no bairro da Aldeia. Os quatro, agora serão recolocados simbolicamente, em um novo monumento idealizado pelo IHGTap  e a Secretaria Municipal de Cultura.

A historiadora e Presidente do IHGTap com os canhões na Praça Mirante do Tapajós (Foto: Arquivo Pessoal) 

Assim, os moradores e visitantes poderão contemplar de perto os canhões que testemunham simbolicamente a história da cidade. E Santarém ganha um novo atrativo turístico!

A Fortaleza

Marco da ocupação militar na foz do rio Tapajós, a Fortaleza de Nossa Senhora do Bom Sucesso do Monte Alegre dos Tapajós ocupava o espaço de um outeiro (pequeno morro), onde hoje se localiza a Escola Frei Ambrósio e o Mirante do Tapajós. Servia ao propósito português de defender a posse (mesmo que ainda contestada pela Espanha) das terras contra ataques dos franceses, bem como de proteger os colonos dos ataques indígenas, que eram frequentes em idos dos séculos XVII e XVIII. Ali, durante os primeiros anos da ocupação portuguesa no município, havia a guarnição militar que vigiava a navegação do Rio Amazonas e impedia o contrabando de drogas do sertão do interior do Tapajós.

A Fortaleza dominava a paisagem, seus grossos muros e peças de artilharia impunham algum respeito, mas logo se mostraram incapazes de uma defesa eficaz. Em decorrência disso, a falta de interesse militar em mantê-la funcionando fez com que logo começasse a ruir. Diante disso algumas tentativas de restauração foram feitas. A primeira que se tem notícia, ocorrida após o levantamento feito em 1749 (que aconselhava a necessária e urgente reforma da dita fortificação), foi realizada a partir do ano de 1762, a mando do governador Manoel Bernardo de Melo e Castro, que encarregou o engenheiro italiano Domingos Sambuceti para tocar os trabalhos. Reparos foram feitos, mas seguiu-se novamente a falta de cuidados para com a construção, levando a novas ruínas.

Trecho do texto publicado originalmente no Blog do Padre Sidney Canto

Sobre o autor

Jornalista, formado pelo Centro Universitário da Cidade do Rio de Janeiro - RJ. Produtor Cultural e Produtor de Conteúdo Digital. Idealizador dos projetos Caminhos da Floresta, Amazônia Fashion Weekend e Piracaia Festival. Autor do blog de turismo e viagens www.diariodofb.com. Diretor dos documentários O que é Sairé? (2021) e Trap: O som da juventude (2021) - produzido, gravado e editado em um smartphone.

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