A vila de Boim, localizada na margem esquerda do Rio Tapajós, em Santarém (PA), foi fundada em 1690, quando uma expedição de jesuítas, liderada pelo Padre Antônio da Fonseca, desembarcou na Aldeia dos Tupinambás. Como era costume nas missões da Companhia de Jesus, o lugar ganhou um nome dado pelos colonizadores: “Aldeia de Santo Inácio de Loyola”. Esse nome não durou sete décadas, porque com a Lei de 6 de junho de 1755, o Governador do Grão-Pará, Mendonça Furtado, seguindo a determinação do Marquês de Pombal, transformou várias aldeias jesuítas em vilas. Assim, em 9 de março de 1758, a localidade virou a “vila de Boim”, nome inspirado numa povoação portuguesa do município de Elvas, que era a sede da extinta Freguesia de Vila Boim, no Conselho do Bispado do Porto, em Portugal.

Antigo convento dos franciscanos de Boim – Registro de maio de 2024 (Foto: Fábio Barbosa)

Agora vamos ao Convento, né?! Segundo o historiador Padre Sidney Canto, esse lugar marcante nas margens do Rio Tapajós “foi construído para ser a sede do Comissariado Franciscano”. Os padres franciscanos já atuavam nessa região desde 1943, e a obra foi concluída no início da década de 1950. É uma construção grandiosa para a época e para o lugar, considerando a logística, que até hoje é difícil para chegar até a vila. Cerca de 20 anos depois, a Interventoria Federal, comandada pelo Capitão Elmano de Moura Melo adquiriu o prédio, com financiamento do Ministério da Educação, e a partir de 31 de janeiro de 1971, ali passou a funcionar como “Grupo Escolar Municipal de Boim”, denominado Dom Frederico Costa, em homenagem ao primeiro bispo prelado de Santarém, que nasceu na Vila de Boim em 1875.

Com o passar dos anos, a escola ganhou uma nova sede e passou a se chamar “Escola Municipal de Ensino Fundamental Dom Frederico Costa”. O prédio original, com seus corredores largos e jardim interno, foi lentamente abandonado. Em 2009, uma vistoria do Corpo de Bombeiros condenou o prédio e aconselhou sua total desocupação. Mesmo com a comunidade tentando restaurá-lo junto ao poder público, nada foi feito. Atualmente, o antigo convento está fechado, cercado por mato, com árvores crescendo em seu interior, pisos de madeira infestados de cupins e muitos morcegos.

É um lugar que poderia ser revitalizado e transformado em um ponto de turismo de base comunitária, criando oportunidades de negócios sustentáveis para a comunidade. Não acham?

A vila dentro de uma reserva extrativista 

A Vila de Boim é uma comunidade polo da RESEX Tapajós/Arapiuns, uma unidade de conservação de uso sustentável situada entre a margem esquerda do Rio Tapajós e a margem direita do Rio Arapiuns, com uma área total de 647.610,74 hectares. A Reserva Extrativista Tapajós/Arapiuns abrange 74 comunidades localizadas nos municípios de Santarém e Aveiro, no Pará.

Criada em 1998, a RESEX foi o resultado de anos de luta da população local contra madeireiros que exploravam de forma predatória os abundantes recursos florestais. A partir de então, os moradores das regiões do Rio Arapiuns e Rio Tapajós se uniram com o objetivo de impedir o avanço das empresas madeireiras que exploravam os recursos naturais sem promover o desenvolvimento da região.

Com informações da Cartilha “Prazer em conhecer Boim, a capital do Tapajós“, organizada pelo projeto Saúde & Alegria

Sobre o autor

Jornalista, formado pelo Centro Universitário da Cidade do Rio de Janeiro - RJ. Produtor Cultural e Produtor de Conteúdo Digital. Idealizador dos projetos Caminhos da Floresta, Amazônia Fashion Weekend e Piracaia Festival. Autor do blog de turismo e viagens www.diariodofb.com. Diretor dos documentários O que é Sairé? (2021) e Trap: O som da juventude (2021) - produzido, gravado e editado em um smartphone.

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