O novo filme do Grupo de Teatro e Pesquisa Papa Xibé, “Mãe Vira Porca: na ilharga do Aritapera“(2024) já é um sucesso. Só no primeiro mês, o curta-metragem de ficção já alcançou mais de 10 mil visualizações no YouTube.
A produção é um festival de boas surpresas e piadas que os espectadores menos envolvidos com o mundo da cultura santarena e amazônica talvez deixem passar ao assistir. Mas calma que o blog está aqui para expandir os horizontes e ajudar você a entender um pouco mais sobre alguns elementos curiosos apresentados no filme:
1 – A Santinha
Na cena de abertura do curta-metragem, já percebemos que Paulette (Evandro Boa Morte) mudou de vida, né? Porém, algo que permanece inalterado é sua fé, uma das características mais marcantes da personagem. Mesmo em uma nova posição social, ela continua sendo devota de Nossa Senhora da Conceição, padroeira dos católicos de Santarém. A imagem que aparece na bancada da sala, junto aos porta-retratos de seu noivo Henry Johnson (Wagner Bentes), é a mesma do primeiro filme.
2 – Coroa de flores
Logo no começo, Paulette (Evandro Boa Morte) entra desolada em uma capela mortuária. Em um plano detalhe, a cena mostra uma coroa de flores enviada pelo Governador do Estado do Pará, Helder Barbalho. Essa escolha mistura o universo ficcional do curta-metragem com a realidade, considerando que o político é muito popular na região e, certamente, prestaria homenagem à personagem Mã Vira Porca (Dany Riker), se fosse o caso. Essa referência sutil cria uma ponte entre o enredo e o contexto social do Pará, gerando uma sensação de verossimilhança que enriquece a narrativa.
3 – Repórter Coruja
Outra participação especial que transporta a realidade para a ficção é a de Willares Souza, o eterno repórter Coruja, que faz parte do imaginário popular dos programas policiais de Santarém e região. Essa cena extra foi pensada pelos roteiristas Diego Alano e Fábio Barbosa justamente para surpreender e provocar boas risadas. Ninguém espera, e de repente o intrépido comunicador aparece na tela trazendo uma notícia chocante!
4 – As Bondosas Mulheres Choradeiras
E já que a personagem-título é originalmente dos palcos da Casa da Cultura, nada mais justo do que esse universo ficcional prestar uma homenagem a ela. Assim, as icônicas e marcantes “Bondosas Mulheres Choradeiras” — Astúcia (Elder Aguiar), Prudência (Braz Filho) e Angústia (Ádrio Denner), do Grupo de Teatro Olho D’Água — voltam à cena para cantar nesse velório. Esse reencontro, após anos, resultou na retomada do espetáculo aos palcos, celebrando a direção de Elizangila Dezincourt. É o multiverso do teatro santareno!
5 – Cruz no cemitério
Ah, as cenas do enterro são em um cemitério real, localizado na Vila do Aritapera, na região de várzea do Rio Amazonas. Mas não se preocupem, o local está desativado há anos, considerando que no inverno é tomado pelas águas. Um detalhe interessante é a cruz com a data de nascimento e morte da personagem, um verdadeiro easter egg: a data de morte é exatamente a data da estreia e da sessão avant-premiere do filme, 24 de setembro de 2024. Perceberam? Essa sutileza é um presente para os espectadores mais atentos, reforçando a interação entre a ficção e os acontecimentos reais.
6 – Show de Priscila Castro
A música “Carimbó com Merengue”, de Jana Figarella, fez parte da trilha sonora do primeiro filme e, de forma simbólica, encerra o segundo filme em grande estilo, na interpretação de Priscila Castro, que faz sua estreia no cinema nessa participação especial. As cenas foram gravadas na Vila do Aritapera, contando com a presença calorosa da comunidade. A atmosfera inclui uma revoada de insetos (é sério!) e muito carimbó de verdade, afinal, todos se animaram e dançaram, transformando a gravação em uma verdadeira festa.
E aí, tinham percebido tudo isso?