Belterra, no oeste do estado do Pará, guarda o legado de um dos momentos históricos mais importantes da Amazônia: a Era da Borracha. Foi nesta região de planalto, próximo ao Rio Tapajós, que a empresa americana Ford Motor Company criou o segundo projeto para plantio e exploração de seringueiras. O primeiro, denominado Fordlândia, construído para atender os interesses dos americanos em quebrar o cartel inglês da borracha, havia sido um fracasso, pois não considerou problemas no terreno e a dinâmica do rio, que no verão seca consideravelmente, impedindo a navegação e o escoamento da produção.
As obras da “Bella Terra” começaram em 1934 com a construção de uma pequena vila com características arquitetônicas e urbanísticas das cidades no interior dos Estados Unidos. Uma nova área também foi destinada para a produção de látex, com 6,5 mil hectares e 4,5 milhões de seringueiras plantadas. Era um projeto ainda mais ambicioso que o anterior com serviços básicos até então raros como um hospital equipado, grupo escolar, cinema, energia elétrica e água encanada. Aqui foram corrigidos os erros do passado. Encontraram um terreno com topografia plana, recoberto por terra preta de índio (solo fértil) e com um porto navegável o ano todo.
Em 1940, o então Presidente da República, Getúlio Vargas, visitou as terras da Ford e ficou impressionado com o projeto. Naquela época, a vila já era habitada por cerca de 1.000 pessoas. Trabalhadores de todos os cantos do Brasil que vieram em busca de emprego na região. Um movimento migratório comum posteriormente em todos os grandes projetos implantados na Amazônia.
Mas o sonho de Henry Ford fracassou novamente. A desvalorização da borracha no mercado internacional, pragas nas plantações e greves dos trabalhadores transformaram tudo em pesadelo para a empresa, que abandonou o projeto. Em 1945, as terras da concessão de Belterra e Fordlândia foram retomadas pelo governo brasileiro. Belterra passou a ser um distrito de Santarém nos anos 1960 e em 1995 foi emancipada.
Dessa história que com certeza é mais rica em detalhes do que conseguirei escrever aqui, sobrou boa parte do patrimônio arquitetônico que está praticamente preservado. Esta cidade americana, cercada pela floresta amazônica e praias paradisíacas pode ser visitada facilmente. E o passeio será uma viagem no tempo: as casas de madeira pintadas de verde e branco, ruas calçadas e até hidrantes (aqueles vermelhos) permanecem lá, intocados!
Andando pela cidade, facilmente você encontrará as seringueiras de Ford. As árvores são predominantes na paisagem, mas boa parte já deu lugar a outras plantações. E não deixe de visitar a igreja Matriz de Santo Antônio que ainda conversa vitrais e imagens da época da fundação da vila. O Centro de Memória guarda registos importantes que ajudam a entender e história do lugar.
Belterra é Patrimônio Nacional, reconhecida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Fica ao lado da Floresta Nacional do Tapajós (Flona) e de uma dezena de praias às margens do Rio Tapajós, como Pindobal, Iruçanga, Porto Novo, Aramanaí, Maguari e São Domingos. Portanto, ao fim do passeio um bom mergulho encerrará a visita com chave de ouro!
Gostou da dica?!
Com informações da Agência Pará e Blog do Padre Sidney Canto
Como chegar?
Saindo de Santarém (PA), existem duas opções: siga pela BR-163 por 52,2 km até o município ou se preferir um percurso turístico pelas praias da região, pegue a PA-457 com destino a Alter do Chão. Ao chegar na vila entre na estrada vicinal que liga Santarém a Belterra, percorrendo mais 7 km até a comunidade de Pindobal. De lá, você pode seguir diretamente para a cidade. Este trajeto pode ser feito de carro, táxi, vans ou mesmo usando o transporte intermunicipal que custa R$ 7.
Onde se Hospedar?
Pousada e Restaurante Cajutuba
Rua Cajutuba 3, Belterra
Telefone: (93) 99183-1200
https://www.facebook.com/cajutuba/