Minha primeira vez no Círio de Nazaré, em Belém (PA), foi uma experiência que jamais esquecerei. Aquele domingo ensolarado, sem nuvens, repleto de emoções, ficará gravado na memória. Foi um dia em que fé, devoção e cultura se entrelaçaram em diversas formas, expressões únicas da nossa pulsante Amazônia.

Vivemos numa terra de extremos, e o calor que envolve a capital paraense nesse período é avassalador. O sol castiga os corpos dos milhares de fiéis que se aglomeram nas ruas da cidade, mas essa é uma provação que todos enfrentam com coragem e uma devoção inabalável. O suor escorre dos rostos, as roupas grudam à pele, mas é a fé que os mantém firmes e resilientes.

Acompanhar os promesseiros é uma experiência indescritível. Por vários momentos, entre fotos e vídeos, senti as lágrimas escorrerem. É uma expressão de força e determinação que nos faz refletir profundamente. Esses devotos, com seus trajes simples e pés descalços, carregam imagens da Virgem de Nazaré com uma devoção que toca nossos corações. Cada passo é uma promessa cumprida, cada quilômetro percorrido é uma demonstração de agradecimento. E ao nos juntarmos a eles na procissão, de alguma maneira, nos sentimos parte de algo maior, algo que transcende as fronteiras da religião e nos conecta a um propósito mais elevado.

As homenagens à padroeira dos católicos paraenses são emocionantes ao longo do percurso. Milhares de vozes se unem e entoam “Vós Sois o Lírio Mimoso”, hino que traduz a devoção e a presença de Maria, tanto como santa quanto como mãe. Essa percepção é tão palpável que, em certo momento de comunhão coletiva, o calor e o cansaço simplesmente desaparecem. É uma festa popular onde elementos se fundem em um sincretismo incrível.

O Círio é uma experiência de suor e lágrimas, devoção e esperança. É uma celebração que transcende as palavras e só pode ser verdadeiramente compreendida ao vivenciar a caminhada de quase 4 km, entre a Catedral da Sé e a Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré. Essa experiência foi como um mergulho nas águas profundas da fé, onde pude testemunhar e viver a beleza da devoção mariana. Guardarei memórias preciosas e uma certeza: quero voltar!

 

Dedico esse texto aos amigos Danilo Bacchi, Jefferson Dantas e Geovane Brito que me acompanharam no Círio de Nazaré em 2023.

Sobre o autor

Jornalista, formado pelo Centro Universitário da Cidade do Rio de Janeiro - RJ. Produtor Cultural e Produtor de Conteúdo Digital. Idealizador dos projetos Caminhos da Floresta, Amazônia Fashion Weekend e Piracaia Festival. Autor do blog de turismo e viagens www.diariodofb.com. Diretor dos documentários O que é Sairé? (2021) e Trap: O som da juventude (2021) - produzido, gravado e editado em um smartphone.

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