Na Amazônia existem muitas lendas, algumas envolvendo animais como o boto e a cobra grande. Mas em 13 de novembro de 2007, algo extraordinário aconteceu na pequena comunidade Piquiatuba às margens do Rio Tapajós, em Belterra (PA), uma Baleia-minke (Baleanoptera acutorostrata) foi encontrada por moradores nadando em água doce, distante cerca de mil quilômetros do Oceano Atlântico.
A notícia percorreu o país , sendo destaque no G1, TV Tapajós (Globo) e blogs. E foi parar nas páginas dos jornais, entre eles, a Folha de São Paulo, em 16 de novembro de 2007:
A suspeita é a de que a baleia tenha se perdido de sua rota e entrado no estuário do rio Amazonas pela ilha de Marajó. O rio Tapajós é um afluente do rio Amazonas. O achado foi comunicado via rádio para o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) de Santarém (PA), que solicitou apoio ao IBJ (Instituto Baleia Jubarte). Com sede em Caravelas (BA), desde 1994 o instituto tem experiência em desencalhes de cetáceos.
O deslocamento em águas tão distantes do oceano, parecia inimaginável e até certo ponto os moradores da região estavam assustados. Comentava-se que poderia ser uma cobra-grande, porém, era um mamífero encalhado, como confirmou o Professor de Língua Portuguesa da comunidade Piquiatuba, Jonathás Xavier dos Santos. Ao saber dos boatos, navegou em uma bajara (canoa motorizada) até o lugar onde estava o animal e constatou a partir dos esguichos de água provenientes do dorso da baleia. No site Amazônia Legal esse relato é contado em detalhes:
Dez minutos de bajara levaram o professor e sua turma para a ponta da praia onde se encontrava o animal encalhado. Eram no total 12 ou 13 pessoas. Cautelosos, foram rodeando-o devagar, certificando-se de que não era perigoso, enquanto corria comunidade afora o boato de que se tratava da Cobra Grande. O Professor Jonathás, ao se aproximar, verificou que não era uma cobra, e imaginou então que se tratava de um peixe grande, o que não foi motivo de alívio imediato. Prezando pela segurança dos seus alunos, conteve-os para que não tocassem o animal: como o maior peixe da região é o pirarucu, medindo apenas três metros, o professor pensou que se tratava de um tubarão, já que circula na região histórias de tubarões pescados em Santarém.
Foi então que Remerson, no auge dos seus 15 anos, dotado de um peculiar espírito de aventura adolescente, segundo suas próprias palavras, tomou a dianteira e tocou o animal, tirando o limo de suas costas. Jonathás então entendeu que se tratava de uma baleia. Em poucas horas, o local seria convertido em uma verdadeira atração turística local, atraindo milhares de visitantes (…)
Os moradores tentaram de imediato contato com as autoridades. Na época, o Ibama era o órgão gestor da Floresta Nacional do Tapajós, território onde está localizada a comunidade de Piquiatuba. Mas a resposta foi curta e grossa: “da próxima vez liguem falando que apareceu um elefante por Piquiatuba!”. E foi preciso o professor Jonathás intervir para poder a história ganhar crédito e haver mobilização.
A Baleia-minke tinha arranhões na barriga e uma ferida no dorso (provavelmente causada por choque com alguma embarcação), a comunidade se mobilizou para cuidar do animal. Somaram esforços biólogos e veterinários do Ibama e da Prefeitura de Santarém, mas na noite de 19 de novembro de 2007, ela escapou. Buscas foram realizadas, porém, sem sucesso. E no dia seguinte foi encontrada, sem vida e em estado avançado de decomposição na beira da praia.
Essa surpreendente história é contada pelos moradores com entusiasmo. E de fato é um record, considerando o Cetáceo (baleias, botos e golfinhos) que percorreu a maior distância rio adentro, mais de mil quilômetros entre a Ilha de Marajó por onde entrou e a praia da comunidade de Piquiatuba.
Atualmente o esqueleto da Baleia-minke está em exposição no Centro Cultural João Fona, em Santarém (PA). A visitação é gratuita e o item rende muitas especulações dos visitantes, algumas teorias bem absurdas, mas que provam que nossa imaginação é muito peculiar.
Com informações da Folha de São Paulo, TV Tapajós (Globo) e site Amazônia Legal.
Centro Cultural João Fona
Avenida Adriano Pimentel, S/N – Prainha
Telefone: (93) 3523-0658
E-mail: centroculturaljoaofona@gmail.com
Aberto de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h
Entrada Gratuita